sábado, 21 de novembro de 2009

O meu soneto


Em atitudes e em ritmos fleumáticos

Erguendo as mãos em gestos recolhidos,
Todos brocados fúlgidos, hieráticos,
Em ti andam bailando os meus sentidos…

E os meus olhos serenos, enigmáticos
Meninos que na estrada andam perdidos,
Dolorosos, tristíssimos, extáticos,
São letras de poemas nunca lidos…

As magnólias abertas dos meus dedos
São mistérios, são filtros, são enredos
Que pecados de amor trazem de rastros…

E a minha boca, a rútila manhã,
Na Via Láctea, lírica, pagã,
A rir desfolha as pétalas dos astros! …

Florbela Espanca

1 comentário:

  1. Sem pecado de amor...
    Feliz, desfolho a vida, cheia de dor!

    a Espancada

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